morro do Macaco

sábado, junho 03, 2006

itinerário canino (20)

Encontrei o cabo Peixoto no Campo das Lavadeiras – para variar o cabo estava bêbado feito um peru de natal. Mas me reconheceu e me mandou erguer a cabeça, tomar tenência, aprumar na vida e coisa e tal. O cabo vinha acompanhado por Foguete, o vira-lata da dona Gertrude. Me disse que o vira-lata Foguete era o maior conhecedor do bas-fond carioca – não existia bordel, casa de massagem, boate, boca de meretrício que o vira-lata não conhecesse em detalhe.

— É um completo pervertido! É paparicado por todas as alcoviteiras e cafetinas do Mangue. Um chupador de manga de marca maior! – me disse entre gracejos e risotas.

Confidenciou-me que gostava de seguir o Foguete nas suas andanças e estripulias pela cidade e convidou-me a juntar-se a eles na aventura que aquela tarde de sol e calor prometia. Agradeci, mas preferia ficar ali sentado na escadaria do palácio da Aclamação, largado do mundo, quieto, sossegado, mudo, apenas observando o movimento silencioso dos barcos.

— Repara, seu Djalma – gritou já longe o cabo Peixoto. – O miserável não pára de balançar o rabo! Que pândego!


Dona Alice, dona Gertrude e Foguete na coleira (disfarçado de cachorro de madame).

2 Comments:

At 12:30 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Djalmão, malandro carioca, talvez um terno branco e sapatos de verniz, com chapéu posto de lado, caminhando com violão meio Cassy Jones. Você parece um personagem saído dos romances de Lima Barreto e eu acho muito bom! Vou conhecendo dia após o dia o seu Rio de Janeiro malandro, distanciado do glamour do Champagne das novelas de Manoel Carlos, mas mais aproximado do Rio anos 30, tantas vezes pintado em sépia ou P&B na literatura brasileira mais marginal! Muito bom te ler, Djalmão!

Beijos,
abraço forte,

Jana

 
At 5:25 da tarde, Anonymous Anónimo said...

nunca mais atualizou, nego.
kisses

 

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