morro do Macaco

quinta-feira, novembro 16, 2006

cheios de pernas, eles todos dançam

A cidade está cercada de morros. Os morros estão cercados de policiais armados com revolveres, metralhadoras, espingardas, escopetas, canhões, chicotes, esporas. Os helicópteros voam. A sirenes gritam, insistem, esgoelam. Nos morros, os homens também têm suas máquinas: revolveres, metralhadoras, espingardas, escopetas, canhões, punhais, chicotes, pedras, paus, cocaína, maconha, heroína e, principalmente, muito ódio – ódio engarrafado, conservado, destilado e envelhecido.

As praias estão cheias de mulheres nuas correndo para cá e para lá. Há também homens musculosos, homens barrigudos, homens gordos, homens feios, homens bonitos, homens fracos, homens fortes, homens de bigode, homens sem bigode, homens simples, homens raros, homens de óculos, homens míopes, que também correm para cá e para lá atrás das mulheres, que fogem cheias de risos e gritinhos. Além disso, todos jogam vôlei, frescobol, surfam e se deitam sob um sol de quarenta graus.

O sol se põe na tarde azul. A noite caí. E todos dançam juntos quando os sons de tambores ensurdecedores começam a ribombar.

Seu Raimundo é míope mas usa óculos escuros de grau na praia.